Itabuna, Bahia.
Foto: Tiago da Silva Pereira
Trabalho premiado no Concurso "Os Olhares da Cidade" (FICC, 2010)
Foto: Tiago da Silva Pereira
Trabalho premiado no Concurso "Os Olhares da Cidade" (FICC, 2010)
Foto: Tiago da Silva Pereira
Trabalho premiado no Concurso "Os Olhares da Cidade" (FICC, 2010)
Trabalho premiado no Concurso "Os Olhares da Cidade" (FICC, 2010)
O ANIVERSÁRIO DA CIDADE
Para Itabuna, por seus 101 anos
A cidade é marca indelével
cravada num peito aberto.
Expressa, na dureza dos anos
e na fragilidade dos dias,
a erosão inevitável do tempo
que move as pedras pretas
ao sabor das águas turvas do rio.
A cidade comove os homens,
na sua falta de riso e paisagem,
em sua ausência de sentido e arte,
em sua dor de mácula e fome.
E se recente do tapa que fere o povo
e se debate na água suja que afoga os reis
e se contorce na tortura explícita que aniquila os sábios.
A cidade tão minha de paixão,
tão nossa de ilusão,
resiste aos dias ensimesmados
e toma o sol das manhãs,
a chuva das tardes
e as estrelas das noites
no aniversário dos anos.
Genny Xavier
Itabuna, Bahia.
Foto: Tiago da Silva Pereira
Trabalho premiado no Concurso "Os Olhares da Cidade" (FICC, 2010)
___________
Homenagem ao aniversário de emancipação política de Itabuna, Bahia, em 28 de julho do 2011.
5 comentários:
Parabéns Itabuna, tão cantada por Jorge Amado e tantos outros escritores que fizeram de seu amor, poesia em prosa ou vice-versa. Um beijo!
Querida amiga,
As fotos são lindas e adorei a oportunidade de vê-las e sentir a cidade através delas. A frase de Tolstoi é uma máxima Genny. O poema, além de lindo, é sentido profundamente com paixão de quem vê e observa.
Beijos com carinho e lindo fim de semana Genny!
Imagens, versos, sensações... Acertou em cheio, cara amiga.
O Falcão Maltês
O BICHO VERMELHO
O sol escaldante e o céu azul.
Da varanda, vejo árvores vestindo a paisagem de todos os matizes.
Nu, entre o passo ordinário e a corrida, o bicho cruza a avenida.
Nunca vi um bicho tão nu!
Nu, avermelhado, sem um único fio de pelo…
Assustado, um pedestre recua e o olha fixamente.
Claro que está mortalmente com medo.
Mas o bicho não está louco de raiva, talvez seja um caso de sarna.
Tem o olhar sagaz. Onde estão seus filhotes?
As tetas cheias, suspensas.
Em que buraco os escondeu, pobre animal sem rumo?
Enquanto implora proteção, revela olhos sagazes.
Saiu nos jornais o que fazem
para resolver esse tipo de problema.
Como acha que lidam com os mendigos?
Os seduzem como a iara e os jogam na maré cheia.
Idiotas, paralíticos, parasitas, miseráveis, drogados sem cura,
todos nadam no esgoto que flui nas periferias escuras.
Se fazem isso com quem implora, padece,
bêbados e sóbrios, com as pernas tomadas pela gota e a cirrose,
o que não fariam com um bicho doente?
Nas mentes, calçadas e esquinas
a piada é arengue com os mendigos,
ao invés de dar esmolas, dão coletes salva-vidas.
Mas esse bicho vermelho não seria capaz
de remar com suas patas finas ou mesmo boiar.
O prático, a sensível solução é se mascarar.
Se dá ao luxo de não ser essa merda monstruosa.
Ser único, bicho avermelhado com máscara.
Estamos longe do carnaval, mas aqui todo dia é de festa, feriado nacional.
Será que ele sabe sambar? Como vai se fantasiar?
De político ou trapaceiro? Dá no mesmo.
Todos dizem que o Carnaval é um festejo degenerado
- as rádios, os estadunidenses - essa gentinha
que arruína tudo o que é da gente. Mas é conversa fiada.
O Carnaval é sempre maravilhoso, redenção!
Contudo, um bicho depilado, mesmo vermelho, não fica bem.
Vá! Se fantasie, bicho bizarro, se mascare e dance o carnaval da vida!
Antonio Nahud Júnior
Genny, Itabuna também é minha! Vivi aí os anos mais importantes entre infância e adolescência. A juventude também foi marcada pela presença da cidade em aventuras artísticas. O poema é belo e as fotos trazem de volta o lugar,o pertencimento. Um beijo, minha querida Poeta! Grata pela visita nos dias do meu aniversário.
Postar um comentário