Baú de Guardados

"(...) Até parece que guardo/ num baú de passados/ uma antiga paixão/ (...) Até parece que guardo/ num baú de sentimentos/ uma viva afetação/ (...) Até parece que guardo/ num baú de resguardos/ resíduos de reputação/ (...) Até parece que guardo/ num baú de retratos/ a dose mais forte de minha ilusão." (Germano Xavier)

domingo, 15 de novembro de 2020

Poesia para os dias (5) - Chuva (fragmento)

 

Postado por Genny Xavier às 16:50
Enviar por e-mailPostar no blog!Compartilhar no XCompartilhar no FacebookCompartilhar com o Pinterest

2 comentários:

Mar Arável disse...

Estamos sempre a desaguar

19 de novembro de 2020 às 16:47
Unknown disse...

Amo sua poética, Genny 💕

21 de novembro de 2020 às 19:41

Postar um comentário

Postagem mais recente Postagem mais antiga Página inicial
Assinar: Postar comentários (Atom)


Eu me guardo no báu das palavras que me espiam do espelho...

Quem sou eu

Minha foto
Genny Xavier
Itabuna, Sul da Bahia, Brazil
Sou o que me guia, o que se mostra, o que escrevo... Graduação: Letras. Ofício da Arte: Poeta e Ficcionista.
Ver meu perfil completo

OPINIÃO

OPINIÃO
Tica Simões

Parabéns pelo belo Baú de Guardados. Lendo-o (lendo-a), lembrei-me das palavras de Mia Couto, em Terra Sonâmbula: “O que faz andar a estrada? É o sonho. Enquanto a gente sonhar a estrada permanecerá viva. É para isso que servem os caminhos, para nos fazerem parentes do futuro.”

Tica Simões

TICA SIMÕES

Doutora em Estudos Portugueses e pós-doutora em Literatura Comparada e Turismo Cultural, pela Universidade Nova de Lisboa. Pesquisadora da Universidade Estadual de Santa Cruz – UESC/BA. Comendadora da Ordem do Ensino Público de Portugal. Conselheira Estadual de Cultura da Bahia. Consultora para assuntos culturais.

Livros Publicados: Grapiunidades - Fragmentos postais de um pedaço da Bahia (2011); Expressões culturais, literatura e turismo : estudos sobre memória, identidade e patrimônio cultural (2011); Esteja a Gosto. Viajando pela Costa do Cacau em Literatura e Fotografia (2007); Expressão Poética de Valdelice Pinheiro (duas Ed. 2002/2007); Navegar é Preciso – Estudos sobre Mensagem (1999); As Razões do Imaginário (1998); Caminhos de Ficção (1996); Poetas Novos da Região Cacaueira (1987); Pequena Antologia de Novos Poetas da Região Cacaueira (1982); Narrativa Portuguesa em Processo de Fragmentação (1975), dentre outros.

BAÚ DE OUTROS ESCRITOS

BAÚ DE OUTROS ESCRITOS
Ana Paula Tavares: a palavra que se enraíza

CANTO DE NASCIMENTO

aceso está o fogo
prontas as mãos

o dia parou a sua lenta marcha
de mergulhar na noite.

as mãos criam na água
uma pele nova

panos brancos
uma panela a ferver
mais a faca de cortar

uma dor fina
a marcar os intervalos do tempo

vinte cabaças de leite
que o vento trabalha manteiga

a lua pousada na pedra de afiar

uma mulher oferece à noite
o silêncio aberto
de um grito

sem som nem gesto
apenas o silêncio aberto assim ao grito
solto ao intervalo das lágrimas

as velhas desfiam uma lenta memória
que acende a noite de palavras
depois aquecem as mãos de semear fogueiras

uma mulher arde
no fogo de uma dor fria
igual a todas as dores
maior que todas as dores.

esta mulher arde
no meio da noite perdida
colhendo o rio
enquanto as crianças
seus pequenos sonhos de leite.


Ana Paula Tavares


“De uma coisa estou certa, venha quem vier, mudem as estações, parem as chuvas, esterilizem o solo, somos cada vez mais como as buganvílias: a florir em sangue no meio da tempestade.”

(Fragmento de “O Sangue da Buganvília” – Crônicas)

* Ana Paula Tavares, nasceu em Lubango, província de Huíla, Angola, em 30 de outubro de 1952. É Historiadora, Mestre em Literaturas Africanas de Expressão Portuguesa, Membro do Comité Angolano do Conselho Internacional dos Museus, da Comissão Angolana para a UNESCO e da UEA. Dentre obras de poesia e prosa publicou: “Ritos de Passagem” (1985), “O Sangue da Buganvília” (1998), “O Lago da Lua” (1999), “Dizes-me coisas amargas como os frutos” (2001), “A Cabeça de Salomé” (2004), “Os olhos do homem que chorava no rio” (2005), “Manual para amantes desesperados” (2007).


O ADEUS AO POETA

O ADEUS AO POETA
Paixão poética pelos felinos domésticos

“(...) A morte também é uma mãe, é maternal, é um sossego. Sai-se do ventre da mãe e entra-se no ventre da terra, não é? Tem essa coisa de acolhimento, de serenidade, de tranquilidade. De regresso. É uma coisa engraçada: desde miúdo sempre tive uma noção circular de tudo. (...)”

(Fala do poeta em entrevista concedida a Pedro Dias de Almeida para a Revista Praça Velha/Câmara Municipal da Guarda, em 2009.

1943 - 2012

O poeta português, Manuel António Pina, homem das artes e das letras, faleceu na tarde de ontem (19/10) na cidade do Porto. Embora tivesse sido graduado em Direito, atuou mais como jornalista e escritor. Autor de vários livros expressou sua criação através gêneros diversos, com poesias, crônicas, contos, peças teatrais, etc. Em 2011 foi ganhador do Prêmio Camões, o mais prestigiado da literatura em língua portuguesa. Fez sua estreia como escritor e poeta em 1974, quando publicou seu primeiro livro.

O MEDO

Ninguém me roubará algumas coisas,
nem acerca de elas saberei transigir;
um pequeno morto morre eternamente
em qualquer sítio de tudo isto.

É a sua morte que eu vivo eternamente
quem quer que eu seja e ele seja.
As minhas palavras voltam eternamente a essa morte
como, imóvel, ao coração de um fruto.

Serei capaz
de não ter medo de nada,
nem de algumas palavras juntas?


Manuel António Pina

A POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE

A POESIA DE EUGÉNIO DE ANDRADE
Eugénio de Andrade - gravura de Carlos Botelho

POEMA XVIII

Impetuoso, o teu corpo é como um rio
onde o meu se perde.
Se escuto, só ouço o teu rumor.
De mim, nem o sinal mais breve.

Imagem dos gestos que tracei,
irrompe puro e completo.
Por isso, rio foi o nome que lhe dei.
E nele o céu fica mais perto.

URGENTEMENTE

É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.

É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.

É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.

Cai o silêncio nos ombros da noite
e a luz impura, até doer.
É urgente o amor,
é urgente permanecer.


"As mãos e os frutos"/ Poemas (1948)

EUGÉNIO DE ANDRADE

*Eugénio de Andrade/ pseudônimo: José Fontinhas.

Grande poeta português. Nasceu em Póvoa de Atalaia (1923) e faleceu em Porto (2005). Publicou obras importantes para a poesia portuguesa, como "Narciso". "Adolescente", "As Mãos e os Frutos", dentre outras.

Sobre sua poética José Saramago comentou: "(...) poesia do corpo a que se chega mediante uma depuração contínua".


Seguidores

Arquivo do blog

Outros Baús

  • A CASA IMPROVÁVEL
    Tudo flui
    Há uma semana
  • Ari Rodrigues Produções
    A Lavagem da Orla do Berilo entra no calendário das festas populares de Itabuna.
    Há 5 anos
  • AVE SEM ASAS
    GOSTO
    Há 7 anos
  • Blog Rita Lavoyer
    Sem(hora)
    Há 4 horas
  • Cantinho da Dalinha
    BONECA DE PANO (Cirandeiras)
    Há um mês
  • consoantes reticentes
    Script Drone View Patch Granger (Si Musisi) Mobile Legends
    Há 3 anos
  • Cultuartambiental
    Visita dos técnicos do INEMA ao Instituto Mamíferos Aquáticos em Ilhéus. Pena que acabou por falta de apoio. Belo trabalho de resgate e tratamento.
    Há 6 anos
  • Desce Mais Uma!
    Recomendação - Fernando Coimbra
    Há 7 anos
  • DIGITAL BITOLADO
  • FOI DESSE JEITO QUE EU OUVI DIZER...
    SEGUIR EM FRENTE. #mapadenumerologia #numerologiaeprosperidade #mapaastr...
    Há 5 anos
  • HISTÓRIA VIVA
    Cinco dias de fúria: Revolta da Vacina envolveu muito mais do que insatisfação com a vacinação
    Há 2 anos
  • Improvisos de Mailson Furtado
    fila
    Há 8 anos
  • Inspirar-Poesia
    fruindo
    Há 13 anos
  • Jorge Sader Filho
    Há 2 anos
  • Literatura Suburbana
    Lançamento do 7º Livro da Coleção Besouro
    Há 7 anos
  • MAR ARÁVEL
    VOU ALI E JÁ VENHO
    Há 3 anos
  • Mil contos indígenas
    Há 6 anos
  • O FALCÃO MALTÊS
    ******** CHARLTON HESTON: ÉPICO e ATIVISTA
    Há 2 semanas
  • O Melhor Blog Sobre Nada
    THE KNACK... AND HOW TO GET IT
    Há 15 anos
  • O Sibarita
    ESPÍRITA
    Há 6 anos
  • Partículas do Sentido
    Há 6 anos
  • PESQUISANDO A HISTÓRIA
    DA ESCRAVIDÃO A SUJEIÇÃO PARA CONSEGUIR A TÃO SONHADA LIBERDADE
    Há 2 semanas
  • Pipoca de forno
    #Poesia 60
    Há 5 meses
  • Pretextos-elr
    Rotos rótulos
    Há 6 anos
  • Primeira Pessoa
    A fundura da queda
    Há 5 anos
  • Relógio de Pêndulo
    TODOS OS RIOS SÃO MESMA SÊDE
    Há 5 dias
  • Rosa147
    Rosa 147 - 11 anos
    Há 8 anos
  • SAM
  • Searas de Versos
    A melhor forma
    Há 2 dias
  • são
    GRAÇA PIRES : " BOLERO DE RAVEL "(" TALVEZ HAJA AMORAS MADURAS À ENTRADA DA NOITE")
    Há um dia

Ecos da Infância

Photobucket

Tema Simples. Imagens de tema por fpm. Tecnologia do Blogger.