Pintura de António Costa Pinheiro - Óleo sobre tela - 1978 |
AS OUTRAS FACES DE MIM
(Das
leituras de Fernando Pessoa e seus heterônimos)
Eu
olho com olhos de muitos
a
paisagem contemplada no horizonte.
Tomo
cada boca beijada
como
se múltipla fosse a minha
pousada
em cada outro
a
outra em mim estimulada.
E,
a mão que percorre o áspero ou suave corpo,
responde
diferente em cada textura visitada.
E,
ainda que variados odores me cheguem
invocarão
cada mulher em mim despertada
-
Rosas, Margaridas, Hortênsias e Angélicas.
Mas,
há em mim a face que mais se multiplica:
mulher
refletida no espelho partido da palavra latente,
leve
ou pesada
maleável
ou dura
física
ou volátil...
Esta
palavra,
herdada
de outras mulheres que fui,
esculpida
diante da poeta que sou
e
eternizada no anjo que serei,
escapará
da única alma que tenho,
límpida
e doce
cristalina
e invisível
para
pousar, finalmente,
no imaculado papel que o vento trouxe...
Genny Xavier
5 comentários:
Muito bonito e muito profundo ese seu texto, minha querida!
Te abraço, desejando semana boa e um Julho muito feliz
Sempre bela no ciclo das marés
Bj
Este seu poema é soberbo.
Os meus aplausos, querida amiga.
Genny, continuação de boa semana.
Beijo.
belo, o poema!
e belas as "personas" em que te mutiplicas
beijo
Beautiful.
Postar um comentário