sexta-feira, 8 de março de 2013

DIA INTERNACIONAL DA MULHER

Ilustração de capa da Coleção "As Brumas de Avalon", de Marion Zimmer


A SENHORA DA MAGIA

Para todas as mulheres de força e luz




"Necessito o êxtase. Não me adaptarei ao mundo.
Me adapto a mim mesma."
Anais Nin

O que me diz a história escrita pelas pontas dos dedos da artimanha, da intuição e da sedução feminina? Toda mulher tem um pouco de bruxa em sua alma? Quem é este ser que encanta sem, necessariamente, precisar da beleza viril masculina, símbolo maior da Criação, talhada à imagem e semelhança de Deus? Se o homem, esculpido do barro, é o reflexo da imagem do seu Criador, certamente a mulher foi criada segundo a unicidade do seu ser e, portanto, livre pela força da sua expressão feminina, ímpar e misteriosa, repleta de cheiros naturais que fascinam os homens e os arrastam à luz da sua sutil singularidade.
Passam aos meus olhos - neste instante noturno em que eu, mulher, exercito esta metalinguagem sobre mim mesma e meus mistérios - a existência de tantas personagens históricas, lendárias, míticas e místicas. Algumas, tocadas pela obstinação, como Joana D'Arc, queimada na fogueira como bruxa; outras, tomadas pelo mistério da visão interior, como Morgana da Bretanha, a Fada de Avalon; tantas outras em épocas distintas e diferentes tempos, posturas, caminhos, verdades, imaginações.
Insisto em pensar na essência visionária, intuitiva, quase desvairada desta alma feminina, vezes santa, vezes pagã, ora amada, ora santificada, como Maria, a Mãe, símbolo da suprema dádiva; ora temida, como Malévola ou Lilith, seja nos contos de fadas ou pela interpretação mítica de um mundo que ainda não reconheceu a marca impressa das mãos suaves e fortes da mulher sobre seu dorso.
Não quero passar as vistas pela história feito os olhos didáticos dos ensaístas, este texto é apenas um feminino suspiro, resultado daquelas horas em que a visão tridimensional pousa sobre o tempo, como se deitasse sobre mim, sobre meu colo, arquétipo do útero de Gaia, toda a história do mundo, simplesmente porque abraço a intuição sob as minhas asas de mulher, de mãe, de ser que executa com sutileza e sabedoria, sensibilidade e presteza, intelecto e trabalho, ciência e encantamento, a sedução que pasma os homens, os consomem de fascinação, os interrogam e, principalmente, os tornam mais graciosos, lutadores e fortes.
É, então, finalmente esta mulher, trabalhadora, artista, bruxa ou feiticeira, fada ou santa, megera ou abnegada; seja fabricando filtros do amor, encantamentos e feitiços; seja lutando em campos de batalhas, empresas, casas e supermercados; seja recebendo o homem dentro de si, que aprendeu a criar a luz da ribalta em bastidores sem platéia e a plantar semente fértil em terreno árido. Esta é, sem dúvida, uma mágica façanha.

Genny Xavier


Representação de Morgana das Fadas. Fonte: Google

3 comentários:

São disse...

Amiga, devorei estes livros, porque os acho admiráveis de verdade.

Sabe que houve um editor portugu~es que assumiu publicamente só não ter proibido a sua publicação em Portugal por isso lhe ser impossível? Pois é , veja só onde a misogenia e o machismo e a estupidez e o medo da nossa força podem levar...

Um longo abraço de matar saudades.

O Puma disse...

Sem muros
nem amos

Manuel Veiga disse...

rendido "amador" da Mulher me confesso - cultivando com gosto minha "costela" feminina...

prazer renovado ler-te. sempre.

beijo saudoso - e abraço para teu talentoso e inquieto irmão.