Fonte: http://historiadeitabuna.blogspot.com
Itabuna hoje. Vista panorâmica noturna do centro urbano
Foto: Geraldo Borges
MEU CHÃO DE ONTEM E HOJE
Meu mundo era pequeno
quando eu imaginava comer
os pedaços da casa de doce
da rua do museu.
Hoje, eu sei que a casa é de tijolo
e o museu não existe mais.
Havia o rio e as pedras desse rio
quaravam as roupas
de quem tinha muita roupa para vestir.
As lavadeiras,
- vestidas de panos simples -
faziam bolhas nas mãos
espumando o alvejar dos ricos.
Hoje, o rio abre e fecha a boca
com seu hálito ocre
querendo o ar limpo que já não tem...
e as lavadeiras se foram
dos meus sonhos de meninice.
No meu mundo pequeno,
cabia muita coisa de sonho e mágica
como as barbas brancas do Papai Noel
em meu caminho para o cinema
em filme de domingo.
Cabia poeta recitando versos
na praça libertária
dizendo ao mundo que as guerras
matavam meninos que sonhavam voar.
Cabia homem-carro
fazendo das pernas pneus velozes
zunindo delírios
e buzinando alegrias.
E, ainda cabia,
parque de frente pra igreja
quermesses de bolos e fé
algodão-doce e ladainhas.
Mas, nesse mundo grande de hoje
a cidade encolheu o saber,
mal-cheirou o rio
e lava suas roupas sujas na sabida máquina do tempo.
Tempo gasto em que as bruxas varrem ao vento
os ciscos das memórias dos anos de ouro.
Então, diferente do meu mundo de ontem,
este de hoje, tão grande e real,
sobra os espaços como numa caixa vazia,
espia a notícia do dia
e dita a ordem das coisas.
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Itabuna, 100 anos de história
O Arraial de Tabocas, como assim era chamado antes de sua emancipação, nasceu às margens do rio Cachoeira quando, nos idos de
A partir de 1867, através da chegada de migrantes sergipanos, o arraial começa sua fase de povoamento. Dentre os primeiros chegados, estavam o caboclo Manoel Constantino e o sertanista Félix Severino de Oliveira (conhecido por Félix Severino do Amor Divino). Posteriormente, vindo com a família de parentes do Félix Severino, chegaria o menino José Firmino Alves, aos 14 anos, que mais tarde viria a ser um dos principais nomes para a articulação da fundação do município de Itabuna.
É fato que o nascimento do arraial de Tabocas, hoje município de Itabuna, está diretamente relacionado com o crescimento da monocultura do cacau no sul da Bahia, intensificada a partir do final do século XIX. A vinda de sertanistas nordestinos, especialmente sergipanos em busca de melhores condições de vida para fugir da seca e da pobreza através da perspectiva de recebimento de terras devolutas e cultiváveis, facilitadas pelo governo, promove, ao longo dos anos seguintes, as razões para o eminente progresso do recém formado arraial de Tabocas e de toda a região do sul da Bahia.
Também atraídos pelas notícias do progresso da região outros grupos de chegados aqui vieram, como os imigrantes sírios e libaneses, ligados as atividades de comércio e mascatearia e algumas famílias de imigrantes alemães, poloneses, etc.
Cerca de trinta anos depois da formação de Tabocas e devido ao seu franco desenvolvimento, em 1897, o arraial solicitou ao governo estadual o pedido de emancipação política do município de Ilhéus, que foi negado. Em 1906, alguns deputados enviaram um projeto para elevação de Tabocas a categoria de vila. No mesmo ano o Governador José Marcelino de Souza assinava a lei de nº 692 desmembrando o município de Ilhéus da Vila de Tabocas. Em prosseguimento, coronéis e políticos da época, continuavam a luta pela elevação da vila para cidade. Assim, através da lei de nº 807, de 28 de julho de 1910, sancionada pelo então governador, João Ferreira de Araújo Pinho, a Vila de Tabocas se desligava da Comarca de Ilhéus, constituindo-se no município de Itabuna. Seu primeiro governante, denominado intendente, foi o engenheiro Olinto Batista Leone.
Em tempos atuais, Itabuna é pólo regional que se destaca por atividades comerciais, industriais e de serviços. Durante o auge do período de grande produção do cacau e devido a riqueza fértil de suas terras, próprias ao cultivo dessa rica cultura, tornou-se um importante centro econômico, chegando a ocupar lugar de destaque na produção cacaueira no país, exportando para países da Europa e para os EUA.
O colapso econômico regional, provocado pela crise do cacau causada pelo ataque da praga chamada vassoura-de-bruxa, na década de 80, provocou mudanças drásticas no cenário regional do sul da Bahia. Assim, impulsionada pelas buscas de novas alternativas econômicas o município de Itabuna se volta para as demandas de produção nas áreas do comércio, da indústria, da diversificação da agricultura e da educação universitária.
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Características Geográficas:
Fundação: 28 de julho de 1910
Unidade Federativa: Bahia
Mesorregião: Sul Baiano (IBGE/2008)
Microrregião: Ilhéus/Itabuna (IBGE/2008)
Limites: Governador Lomanto Júnior, Ibicaraí, Ilhéus, Itajuípe, Itapé e Jussari.
Área: 443, 198 km²
População: 219.266 hab. (IBGE/2009)
Densidade: 475,19 hab./km²
Clima: tropical úmido
Altitude:
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Itabuna-Bahia. Praça José Bastos, 1941.
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Itabuna-Bahia. Av. do Cinquentenário. Data desconhecida.
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19 comentários:
Poema tão bonito e acolhedor o seu, menina.
Beijo doce.
Verdades com sabor de nostalgia boa. "A cidade encolheu o saber"...
Muito bom!
Excelente! Além do retrato visual e histórico, há a sua belíssisma reflexão lírico/filosófica/história/cognitiva, etcx. Tudo o que vc é, porque sempre somos o que fomos e o que seremos.
Parabéns, querida Geny!
"Pelas rosas, pelos lírios,
Pelas abelhas, sinhá,
Pelas notas mais chorosas
Do canto do Sabiá,
Pelo cálice de angústias
Da flor do maracujá.
Pelo jasmim, pelo goivo,
Pelo agreste manacá,
Pelas gotas de sereno
Nas folhas do gravatá,
Pela coroa de espinhos
Da flor do maracujá.
Pelas tranças da mãe-d'água
Que junto da fonte está,
Pelos colibris que brincam
Nas alvas plumas do ubá,
Pelos cravos desenhados
Na flor do maracujá.
Pelas azuis borboletas
Que descem do Panamá,
Pelos tesouros ocultos
Nas minas do Sincorá,
Pelas chagas roxeadas
Da flor do maracujá !
Pelo mar, pelo deserto,
Pelas montanhas, sinhá !
Pelas florestas imensas
Que falam de Jeová !
Pela lança ensangüentado
Da flor do maracujá !
Por tudo que o céu revela !
Por tudo que a terra dá
Eu te juro que minh'alma
De tua alma escrava está !!..
Guarda contigo este emblema
Da flor do maracujá !
Não se enojem teus ouvidos
De tantas rimas em - a -
Mas ouve meus juramentos,
Meus cantos ouve, sinhá!
Te peço pelos mistérios
Da flor do maracujá!
Fagundes Varela
Muito obrigada!
Tenha Bons Dias!
Renata
Lindo poema-saudade.
parabéns
Isabelle Fontrin
Olá Genny!
Fiquei encantada com seu olhar sobre a Itabuna pequena. A criança que existe em você jamais esquecerá o bucolismo e a ternura... Enfim , o progresso (progresso?) faz isto com nossos caminhos de flores, estradas de ferros, pracinhas e casas de doces...
Me lembrou Ponta de Areia...
De Milton e Brant
"Ponta de areia ponto final
Da Bahia-Minas estrada natural
Que ligava Minas ao porto ao mar
Caminho de ferro mandaram arrancar
Velho maquinista com seu boné
Lembra do povo alegre que vinha cortejar
Maria fumaça não canta mais
Para moças flores janelas e quintais
Na praça vazia um grito um oi
Casas esquecidas viúvas nos portais"
Um beijo!
Querida amiga,
adoro fotos antigas em P&B e estou deslumbrada... Esta é uma belíssima postagem por todo o conteúdo impecável: as fotos, este poema de um lirismo sentimental tão apaixonante e ao mesmo tempo mostrando uma realidade contundente acrescentando informações históricas de Itabuna . Eu adorei esta postagem.
Agradeço o seu carinho e todos os poemas deixados no Desnuda ou no Sam. Todos, todos até hoje recebidos são sempre os que dizem muito para mim. Que marcaram e me tocam profundamente. Estão guardados também do meu baú emocional e que você, Genny, resgata-os com a sua delicadeza, arejando-os e emocionando-me sinceramente.
Carinhoso beijo e lindo fim de semana.
meio bom, quase piegas. mas agradará a massa ignara. persiste no conto. na poesia, só mais uma noticia morna.
Ah, bons tempos aqueles em que a massa ignara do outro lado do Atlântico - em julgamentos sumários - mandava indivíduos como este Anônimo para a guilhotina.
Provavelmente, é um pseudo-intelectual frustrado, de esquerda, linha bolivarista, sem namorada, padecendo de ejaculação precoce, e, jamais conseguiu publicar sequer uma linha em jornal mimeografado de colégio.
Além disso, tal como puta de pastor, se esconde sob o manto do anonimato.
Não esquenta, Genny, indivíduos dessa categoria, são merecedores de pena.
Um beijo e parabéns pelo post!
.
. e assim se diz da história que sendo História é talvez ponte entre o passado e o presente de.fronte .
.
. porque do futuro não há memória .
.
. nem se.quer o sabor de que possa ser também ele História .
.
. de peito em arco aberto . raso a asa rasa . e deixo um beijo ao regressar a casa .
.
. paulo .
.
. [grat.íssimo pela visita, que tanto e há tanto me acrescenta] .
.
Não conheço um verdadeiro filho da terra que por ela não faça uma louvação.
Não escapou da regra, Genny.
Carinho,
Jorge
Contando história fazendo poesia ao mesmo tempo. Soberbo! Já pisei nesse chão e gostei. Beijo
A construir pontes descobri o seu espaço
Aguardo-a na minha escarpa
Anónimos são sinónimo de cobardia!
Do post , gostei.
Oliver, está bem, felizmente...embora não tenha escrito lá em seu espaço há demasiado tempo.
Um abraço, linda.
Genny querida, amei a tua visita logo na minha volta, obrigada.
Post maravilhoso por tudo o que tem nele, tua poesia, as fotos e a história de uma cidade que gostei de conhecer, pelo menos virtualmente.
Ia perguntar pelo Guilherme, mas pela resposta hilária e bem dada ao anônimo (gente sem personalidade), suponho que está bem.
Bjim pra ti e pra ele.
Genny linda, muito grato pela visita no espaço no qual escrevo, valeu pelo ponto de vista.
A cada postagem vejo em você mais irradiação tanto pelos belos poemas como pela nostalgia de seu lugar.
Beijos e parabéns pelo post.
Luiz.
Genny,
Que declaração de amor à sua cidade... maravilha.
Meu avô materno é de Camamu, perto de Itabuna. Um beijo e bom domingo.
Poema sublime, fotografias históricas e lindas e informações preciosas.
Belíssima postagem Genny.
Abraços,
Cris
O mundo mudou imenso... e vai continuar a mudar. E ninguém sabe ao certo se para melhor ou pior...
Gostei do seu poema, muito bom.
E das fotos, que enquadram uma época que já não volta.
Querida amiga Genny, bom fim de semana.
Um beijo.
bela e amorosa descrição da sua cidade, querida amiga.
gostei muito de conhecer. na sua evolução e seu progresso.
muito envolvente e impressivo o poema.
beijo
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