Ilustração de capa da Coleção "As Brumas de Avalon", de Marion Zimmer
A SENHORA DA MAGIA
Para todas as mulheres de força e luz
"Necessito o êxtase. Não me adaptarei ao mundo.
Me adapto a mim mesma."
Anais Nin
O que me diz
a história escrita pelas pontas dos dedos da artimanha, da intuição e da
sedução feminina? Toda mulher tem um pouco de bruxa em sua alma? Quem é este
ser que encanta sem, necessariamente, precisar da beleza viril masculina,
símbolo maior da Criação, talhada à
imagem e semelhança de Deus? Se o homem, esculpido
do barro, é o reflexo da imagem do seu Criador, certamente a mulher foi
criada segundo a unicidade do seu ser e, portanto, livre pela força da sua
expressão feminina, ímpar e misteriosa, repleta de cheiros naturais que
fascinam os homens e os arrastam à luz da sua sutil singularidade.
Passam aos
meus olhos - neste instante noturno em que eu, mulher, exercito esta
metalinguagem sobre mim mesma e meus mistérios - a existência de tantas
personagens históricas, lendárias, míticas e místicas. Algumas, tocadas pela
obstinação, como Joana D'Arc, queimada na fogueira como bruxa; outras, tomadas
pelo mistério da visão interior, como Morgana da Bretanha, a Fada de Avalon;
tantas outras em épocas distintas e diferentes tempos, posturas, caminhos,
verdades, imaginações.
Insisto em
pensar na essência visionária, intuitiva, quase desvairada desta alma feminina,
vezes santa, vezes pagã, ora amada, ora santificada, como Maria, a Mãe, símbolo
da suprema dádiva; ora temida, como Malévola ou Lilith, seja nos contos de
fadas ou pela interpretação mítica de um mundo que ainda não reconheceu a marca
impressa das mãos suaves e fortes da mulher sobre seu dorso.
Não quero
passar as vistas pela história feito os olhos didáticos dos ensaístas, este
texto é apenas um feminino suspiro, resultado daquelas horas em que a visão
tridimensional pousa sobre o tempo, como se deitasse sobre mim, sobre meu colo,
arquétipo do útero de Gaia, toda a história do mundo, simplesmente porque
abraço a intuição sob as minhas asas de mulher, de mãe, de ser que executa com
sutileza e sabedoria, sensibilidade e presteza, intelecto e trabalho, ciência e
encantamento, a sedução que pasma os homens, os consomem de fascinação, os
interrogam e, principalmente, os tornam mais graciosos, lutadores e fortes.
É, então,
finalmente esta mulher, trabalhadora, artista, bruxa ou feiticeira, fada ou
santa, megera ou abnegada; seja fabricando filtros do amor, encantamentos e
feitiços; seja lutando em campos de batalhas, empresas, casas e supermercados;
seja recebendo o homem dentro de si, que aprendeu a criar a luz da ribalta em
bastidores sem platéia e a plantar semente fértil em terreno árido. Esta é, sem
dúvida, uma mágica façanha.
Genny Xavier
Representação de Morgana das Fadas. Fonte: Google
3 comentários:
Amiga, devorei estes livros, porque os acho admiráveis de verdade.
Sabe que houve um editor portugu~es que assumiu publicamente só não ter proibido a sua publicação em Portugal por isso lhe ser impossível? Pois é , veja só onde a misogenia e o machismo e a estupidez e o medo da nossa força podem levar...
Um longo abraço de matar saudades.
Sem muros
nem amos
rendido "amador" da Mulher me confesso - cultivando com gosto minha "costela" feminina...
prazer renovado ler-te. sempre.
beijo saudoso - e abraço para teu talentoso e inquieto irmão.
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